Bonga e avó matilde

Bonga e avó matilde
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sexta-feira, 14 de maio de 2010


Oi Matilde, dei por mim a chamar o teu nome à Shai umas três vezes hoje. Dizem que aquilo que nos distingue dos restantes animais é a capacidade de representar as coisas, ou seja, de atribuir o significado simbólico aos acontecimentos, mediante objectos, rituais, palavras, etc. Senti isso quando partiste, necessidade de simbolizar que não foi em vão, que tinhas importância e quem te a atribuísse. O vazio instalou-se...estranho para alguns que isso suceda com um cão, para mim não, a verdade é que no teu jeito rafeiro e até meio pedinchas de ser te tornaste, para além de uma companhia, alguém que já fazia parte da mobília, alguém que eu eternizei no meu coração e que ilusoriamente julgava imortal. Agora partiste, ficaram os teus objectos, alguns que provavelmente dispensarias: a trela e a coleira e outro que enquanto tinhas saúde te fazia eriçar o pelo, o teu comedouro...aquele que te comprei há não mais que um mês. Soube também hoje que tinhas Leishemanioese, não chegou a matar-te, mas debilitou-te e ajudou. Sabias que cerca de um terço dos cães em Portugal têm essa doença sem estarem sinalizados? Pois é...Portugal é do pior para esse insecto que vos transporta a doença, na Europa pior só a Itália. É assim Matilde...tu partiste, eu já sei disso...mas ainda existe aquela sensação tão forte de te ver aparecer na cozinha para cuscar, no quarto para dormir após vigorosa sacudidela dorsal que para o fim quase te fazia cair ou na sala para apanhar o sol que entrava pela janela. Sinto saudades tuas.

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